Por volta das 18h30 para as 19h, aconteceu uma tentativa de assalto à Loja Eletro Mateus do bairro Canoeiro. A reportagem deste jornal esteve presente logo após o evento que terminou no assassinato do funcionário Diego Marques Celestino, 21 anos.
Segundo informações do capitão da Polícia Militar, Jean Levi Cavalcante, que assistiu...
trechos do circuito de imagens interno e externo da loja, Diego teria reagido ao assalto, protagonizado por dois homens armados e um terceiro que monitorava o movimento da rua. Para o capitão, a reação de Diego foi a causa imediata que terminou em seu assassinato.
“Diego fez aquilo que não aconselhamos: reagiu a uma tentativa de assalto. Tentou tomar a arma do elemento na porta da loja. O parceiro do bandido viu e disparou três tiros contra ele”, afirmou o policial. Segundo alguns funcionários que presenciaram o crime, mas não quiseram se identificar, Diego ainda saiu rastejando, mas o bandido continuou disparando até o jovem parar de bruços. Ainda segundo os colegas da vítima, os três comparsas foram embora sem capacete numa única moto.
Os bandidos foram frios. Estavam de “cara limpa” e, antes do acontecido, eles observaram bem a movimentação da rua e da loja. Um irmão do prefeito Júnior Otsuka estava minutos antes do ocorrido e, de acordo com os funcionários entrevistados por este jornal, os bandidos esperaram apenas ele sair para poderem executar toda a ação. O capitão Jean Levi confirmou também que dois deles ainda sentaram e conversaram com uma senhora vizinha à loja. O PM lamentou o ocorrido e cobrou mais rigidez por parte da justiça.
“Infelizmente a lei é branda. Se não conseguirmos prendê-lo em menos de 24h, elementos como esses que assassinaram um cidadão trabalhador podem muito bem se apresentarem depois na Delegacia de Polícia, serem ouvidos e depois irem embora. Isso gera mais violência simplesmente por que ele não foi preso em flagrante. Depois ele ficará aguardando a sociedade julgá-lo. Sociedade esta que pode entender em não condená-lo”, afirmou. Jean Levi disse também que muitos crimes acontecem por que o autor confia que sairá impune.
“Tem casos aí com mais de um ano que a prisão nunca foi decretada. Não estamos aqui para justificar, mas toda vez que um crime acontece é por que a ação preventiva falhou e a Polícia Militar é quem faz isso. Nós não vamos discutir erros, mas vamos buscar identificar quem foi o autor”.
Sistema de monitoramento de segurança falho em Grajaú
O capitão da PM sugere às empresas que melhorem o seu sistema de monitoramento de imagens dos estabelecimentos. “Aqui em Grajaú temos a cultura de alguns empresários que trabalham com um sistema de monitoramento sem qualidade. Acredito que as imagens que temos em mãos darão para identificar as pessoas e vamos continuar as buscas nas ruas com toda dificuldade; vamos dar uma resposta para a sociedade. Claro que nada que fizermos irá trazer a vida do cidadão de volta”.
Questionado se o período de funcionamento de algumas lojas de Grajaú até o anoitecer não põe vidas em risco, Jean Levi foi enfático em dizer que não podemos partir desse princípio, mas sim que o sistema de segurança deve ser mais efetivo. “A Constituição Federal diz que todo mundo tem o direito ao trabalho e à sobrevivência. Não estamos aqui para questionar o horário de funcionamento das lojas. Existe o risco que pode ser maior, mas não podemos discutir isso e sim procurar dar mais segurança para o cidadão. Vivemos em um país democrático e não pode se tornar comum o cidadão não poder ir para uma praça por que irá ser roubado. O comum é o cidadão ir para praça, portanto, nós que temos que melhorar a segurança e o Estado tem que melhorar o apoio para a Polícia Militar também”.
O Grajaú de Fato esteve ainda no Hospital Geral de Grajaú (HGG) onde a vítima deu entrada por volta das 19h30. Um funcionário da unidade confirmou que a vítima levou apenas um tiro. Entrevistamos uma amiga de infância de Diego, Arteane Manuela dos Santos Sousa, que, aos prantos, disse algumas palavras sobre o amigo que se foi. “Era um rapaz trabalhador, solteiro, humilde; morava com os pais e irmãos no bairro Vilinha, próximo ao mercado São José. Era um menino muito bom. Trabalhou nas Casas Sampaio, Acredinorte, Feirão dos Móveis e por último no Eletro Mateus”.